domingo, 2 de janeiro de 2011

Conto 1

A palestra estava pra começar. Parecia haver certa de mil pessoas no auditório escuro e frio. Nem parecia que fazia 40º do lado de fora - era verão no Rio de Janeiro. Nas primeiras fileiras, a Presidente do Brasil, o Presidentes dos Estados Unidos e alguns Chefes de Estado da União Européia. Era uma descoberta importante, a que seria anunciada em instantes, mas foi surpreendente para todos ver tantas "pessoas importantes" juntas num mesmo local.

Numa das últimas fileiras estava um jovem, vestido todo de preto. "Estou lendo muitos livros do Crichton", pensou ele. Mas mesmo assim gostava de se vestir assim. "Porém, uma camisa branca nesse calor fosse melhor... Dane-se.". Voltou as atenções ao palco. "Era uma cena extremamente clichê". Havia uma grande mesa, porém apenas três homens estavam sentados à ela: à esquerda estava algo parecido com um cientista. Usava um jaleco branco - "Aí "um" clichê". O homem parecia ter uns 40, 50 anos talvez. Cabelos negros, barba por fazer. Parecia ter ficado anos sem dormir - "e isso provavelmente acontecera", pensou alto o jovem. A moça em seu lado olhou para ele, que se desculpou. Ela voltou a ler o panfleto da palestra, que tomava a atenção da jovem antes da interrupção.

Voltou a olhar a mesa: No canto direito, um religioso, talvez um cardeal. Nunca se importara tanto com a religião, por isso não sabia exatamente o "cargo" que possuía tal homem. Era velho, 70 anos provavelmente, cabelos grisalhos.
Até aqui tudo clichê, "religião x ciência" numa palestra sobre uma descoberta polêmica. Porém, ao centro da mesa havia um outro homem. Vestido de um terno preto que aparentava ser caríssimo, era um jovem (em comparação aos demais homens à mesa). "Uns quarenta anos", chutou o observador. Só que o tal homen ao centro da mesa era figura conhecida. "Marco Hassan, milionário, financiou os estudos, divulgou a descoberta. E era dele a missão de "apaziguar os ânimos" durante a palestra."

Os microfones foram ligados, silêncio repentino no auditório. Câmeras filmavam, mas não havia flashes, foram proibidas câmeras - determinação do Vaticano, representado pelo tal senhor à direita. Marco começou a falar:

""Primeiramente, gostaria de agradecer à presença de todos aqui, desde os cientistas da R.T. Laboratórios, que foram os verdadeiros responsáveis por essa descoberta; quanto ao Vaticano, representado aqui à minha direita, pelo próprio Papa..."" "Então é o Papa...", pensou o jovem. Marco seguiu falando, mas o jovem não dava muita atenção. Com o canto do olho observava a moça ao seu lado. Era jovem, parecia ser bonita, mas com aquela luz e seu ângulo não poderia confirmar. "Foco!". Pensara alto de novo, agora todos que estavam próximos a ele o olhavam. ""Saúde!"", gritou Marco, interrompendo sua fala. Muitos riram, o jovem se uniu aos outros e riu também, mas ficaram vermelho. Marcon continuou, agora com a atenção de todos, incluindo a do jovem:
""Bom, o que pensamos ter descoberto é aquilo que estamos chamando de "Centro". É a parte responsável pela nossa vontade. Nunca acreditei que simples reações químicas resultariam na vontade de fazer qualquer coisa, que os hormônios nos controlavam em dados momentos - o jovem riu-se - etc. Mas com os recentes estudos que tivemos, incluindo os diversos que mostraram como é possível fazer coisas só com a força da mente, ficou cada vez mais claro para mim que havia "algo mais", algo responsável por nossas vontades. É o "Centro", como se fosse... não sei, não dá pra explicar! Bom, o que faremos na palestra é tentar mostrar o esse "algo" que nos controla. Na verdade, é mostrar esse "algo" que não nos controla, mas sim que nos faz ser um humano, nos individualiza. É como se descobríssemos a alma."" As pessoas aplaudiram. O jovem se negou a fazê-lo, afinal "...eu já tinha pensado nisso tudo, e já descobri tudo muito antes. Quero ver é qual parte disso que vocês descobriram..."


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Continuarei amanhã, ou hoje, mais tarde...

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