quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Conto 1 - Parte 4

Ok, não gostei da ideia do título. Fica "Conto 1" então...

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Arthur andava de lado a lado em sua cabine. Sem janelas, toda feita de metal, como o restante da "embarcação" em que se encontrava. Algumas estantes, cheias de livros nunca tocados ou lidos, sua mesa ao centro da sala com alguns papéis. Neles, anotações, cálculos. "Baboseira científica", pensava o homem. Arthur tinha 43 anos. No "passado" fora um dos maiores comandantes da marinha. Agora, era um dos maiores comandantes da Estação Delta. Sempre acreditou mais no seu "instinto" do que na ciência, e por mais improvável que pareça, isso o levou ao seu posto atual: comandante da primeira expedição ao... A nave balouçou e reduziu a velocidade bruscamente. O ruivo comandante caiu no chão e levantou-se em seguida. A nave voltara à velocidade anterior. "Mais uma dessas e tenho um ataque do coração". Ele preocupava-se demais com o sucesso da viagem e a cada solavanco da grande nave seu coração acelerava. Era como se estivesse num barco, em uma imensa tempestade. Mas que a todo momento se dissipava, retornando pouco tempo depois.

O homem decidiu lavar-se, estava suando frio, nervoso. Sua cabine era a única a ter um banheiro particular, "luxo" do comandante. "Mas afinal, tinham que me atender, não é? Se cedi a toda essa inutilidade científica, ouvi horas de blá blá blá eu merecia isso. E muito mais...". Ele enfim entrou no banheiro, lavou o rosto, olhou no espelho.

A barba por fazer mostrava seu esgotamento. Foram meses e meses de preparação para a viagem. "Tudo em vão, tenho experiência mais do que necessária para tal viagem.". Sempre pensou assim. Enfrentara as piores tempestades, os maiores problemas. Fora o primeiro a desvendar o Triângulo das Bermudas, e também o único a iniciar dele uma viagem de volta ao mundo, concluída em um mês.
"Não tenho com o que me preocupar. A equipe é competente, eu sou competente." Pensara nisso a cada dia nas últimas semanas. Porém nunca diminuíra sua preocupação. Afinal, se tudo desse errado, era sua responsabilidade. Ele escolhera aquela rota, ele ignorara tudo o que aprendeu no treinamento, ele desobedecera os cientístas... "BASTA!", berrou o homem.

Ao retornar à cabine havia um jovem com roupas simples sentado em sua cadeira. Ele olhava as anotações.

- Arthur, tem que se controlar. Tudo vai dar certo... - disse o jovem.
- Eu sei, eu sei. Mas acha que é fácil?! Por tudo em risco por puro orgulho! Foi estupidez minha e se tudo sair errado, acabou-se.
- Ainda temos a tal garota...
- Ela jamais vai conseguir. Cada vez que tentamos, o Sol fica mais fraco. E temos que chegar mais perto.
- Sim...
- E quando chegamos mais perto, nosso controle sobre a nave diminui, os solavancos aumentam. E aqueles... - mudou suas palavras- homens, dizem para nós que não é mais seguro, que não devemos prosseguir. Então eu chego no Salão principal, digo umas palvras bonitas nas quais nem eu mesmo acredito, e convenço a todos, inclusive a mim. E depois me arrependo e fico nervoso.
- Arthur, você sempre deixou claro que estaríamos indo para uma viagem cuja chance era de 99% de ser sem volta. Todos aceitamos. Ao longo dela, garantiu que não havia praticamente qualquer chance de sobrevivermos e mesmo assim todos continuamos. Não será culpa sua se tudo der errado e sei que não dará.
- Sabe é? Você acha mesmo. Pior pra você. Eu tenho certeza absoluta que vamos morrer antes de chegar ao centro do sol. Só espero que você consiga acessar o que tem de acessar antes.
- Se chegarmos à superfície do sol já será possível saber tudo o que ocorreu. E transmitir. Depois, dane-se.

O jovem retirou-se. Arthur sentou na sua cadeira. "Ele não faz ideia mesmo...". Pegou um aparelho que estava guardado. Havia um teclado embutido. Começou a digitar:

""Estamos nos aproximando, esta ficando cada vez mais dificil da nave prosseguir, mas já tenho todos comigo, principalmente os três."" Clicou no botão de enviar. Em seguida, veio a resposta:

"Excelente. O seu esta garantido, só consiga a informação e nosso negócio estará concluído"

Arthur pensou muito em seguida. Deveria sequestrar a nave, sequestrar a ultima esperança de saber o que ocorrena a mais de 4 mil anos? Decidiu pensar em tudo o que ocorrera nos ultimos meses:

Fora convocado pelo Centro de Comandantes da Estação Espacial a pilotar a nave Delta-001. Era a nave que levaria uma das duas pessoas a saberem do ocorrido no dia do "Incidente" da palestra para o mais próximo o possível do Sol. Mas então veio a proposta. Era o que ele sempre quis, a garantia de seu retorno aos mares, à sua família, à tudo. Só que ele sabia dos riscos, sabia que se fosse descoberto o matariam, sabia que se falhasse acabaria morrendo. Mas já chegara muito longe, não podia recuar. "Vamos ver se o muleque realmente consegue antes de chegarmos lá.".

Na verdade, Arthur realmente torcia por isso. Em seguida esqueceu de tudo, voltou a escrever seu diário de bordo. Olhou então um papel junto às suas anotações. De cor amarela, com os dizeres "Não nos venda."
O comandante respirou fundo. Abriu a gaveta, a segunda de três. Retirou um pedaço de madeira e pegou a escondida. Respirou fundo. Pensou em tudo o que colocara em risco, na sua úncia chance que estava prestes a ser disperdiçada.
Mas subitamente retirou as balas. Em seguida, quebrou o aparelho que usara antes. "Pro inferno com tudo isso". Olhou o relógio, saiu da cabine e trancou a porta.

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The End for now...

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