terça-feira, 9 de agosto de 2011

Chovia - Conto 2, Parte 1

Começando uma história, sem previsão de final... vamos lá (risos)!


Ah sim, os nomes são provisórios.


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Chovia muito. Recostada sobre a janela (à esquerda) do ônibus, Margareth olhava as gotas admirada, afinal jamais vira tanta chuva. Fazia muito frio dentro do veículo, por mais que não houvesse ar-condicionado ligado, as janelas estivessem fechadas e ela estivesse com dois cobertores e um casaco. Culpa do estranho inverno daquele ano, que não somente era frio mas também tinha um volume impressionante de chuva, como a daquela tarde (muito) nublada. Não havia ninguém ao lado da jovem (sim, era jovem, com seus 28 anos e cabelos loiros um pouco cacheados), que olhava agora para um espelho que tirara de sua bolsa. Queria garantir que seus lábios não estariam roxos, sem saber exatamente o motivo para tal checagem, afinal para onde ia pouco importava se estava bonita, feia, maquiada ou coberta de lama. Havia alguém a esperando e essa pessoa pouquíssimo ligava para tais futilidades (aparência é uma delas). Enfim, não queria pensar nele agora, pois logo outra imagem triste vinha à sua mente - triste era até pouco. Decidiu então voltar o olhar novamente à chuva, após guardar o espelho e colocar a bolsa ao seus pés. Na estrada não havia outros carros, nada. Via apenas algumas pequenas colinas sem árvores, montanhas ao fundo e muitas nuvens quase da cor do carvão, tamanha era sua escuridão. Na verdade parecia que estava no crepúsculo, embora ainda fossem Duas horas da tarde. Pegou o celular, queria ler o que ele tinha escrito pra ela.

"Sinto sua falta, mais que tudo. Preciso de você, chega logo! Te amo", era apenas uma dos inúmeros SMS que ele tinha enviado (inúmeros não, foram 270 ao todo, nos últimos 15 dias em que ela esteve longe. Mas ela precisava se afastar, não somente dele, do mundo todo talvez. Se fechar, como há tempos não fazia. Mais que isso, chorar, como há tempos não fazia. Chorou quase tanto quanto chovia naquele momento. "Não!". Mudou seus pensamentos outra vez; era necessário, já sofrera muito por isso, tinha que pensar em outras coisas. Estava com sono, muito cansada pois não dormira muito nesses últimos dias. Nem falara com ninguém. Decidiu, por fim, dormir.

Poucos minutos depois acordou desesperada. Vira ele no sonho. Não quem a esperava, mas sim alguém que ela queria e não queria ter visto nesse sonho. Não aguentou, se pôs embaixo dos cobertores e começou a chorar novamente. Lembrava de como ele agia, como a chamava de Maggie, os olhares que eles trocavam. Mas queria parar, chega, ela tinha que superar isso e, de repente, parou. De chover, é verdade, mas ela também parava de se esconder e ainda, de chorar. Olhava a estrada novamente, sem que qualquer coisa viesse a sua mente. O ônibus andava rápido até demais, mas ela não ligava. Queria estar o quanto antes com Anthony, esquecer os problemas, a chuva e tudo mais.

Maggie olhou seu relógio, passaram-se 40 minutos apenas, deviam faltar umas duas horas de viagem ainda. Não aguentava mais aquele ônibus, a saudade e todo aquele turbilhão de sentimentos dentro dela. Decidiu tentar dormir novamente, quem sabe ela conseguiria sem que a imagem dele retornasse. E de fato conseguiu. Não chovia e ela dormiu até que o ônibus chegasse enfim a seu destino. Quando abriu os olhos viu Anthony parado, agasalhado, mais magro que antes, abatido, mas acima de tudo, feliz por vê-la. Ela era a última dentro do ônibus, o que permitiu a ele entrar no veículo. Ele a beijou e ambos se olharam, mas sem dizer uma palavra. Pegaram as malas dela e começaram a caminhar em direção ao táxi que os esperava. Maggie chorava novamente. E voltava a chover.


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